terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Saneamento Básico, O Filme


Uma pacata cidade interiorana do Rio Grande do Sul encontra-se em estado alarmante quanto à sua higiene: não possui canalização, nem rede de esgoto no local, sendo os dejetos humanos depositados no riacho da cidadezinha. Por conta disso, os habitantes procuram alguma forma de movimentar a prefeitura para resolver a desagradável situação, e descobrem que podem conseguir verbas através da realização de um filme que aborde o assunto a qual querem dar um fim. Entretanto, os moradores não possuem noções básicas do processo de se fazer um filme, e é aí que o talentoso diretor e roteirista Jorge Furtado reserva as melhores piadas desta ótima comédia.


No desenvolver da história, acompanhamos os personagens à procura de recursos para realização do tal filme e criação de elementos indispensáveis para sua efetivação, como o roteiro, que - sem pretensão alguma em ser uma obra-prima - é elaborado de acordo com a facilidade de conseguir aparatos técnicos para realização de tal cena. O roteiro de Furtado também é inteligente em adicionar cenas em que os atores procuram comerciantes a fim de patrocinar seu projeto, e, com isso, denuncia uma decisão absurda de alguns patrocinadores em que a troca de favor seja explícita no filme, mostrando quase que em primeiro plano a logo de seu produto, sem que o mesmo não adicione qualquer informação ao roteiro.


“Saneamento Básico, o Filme” não apresentaria um resultado tão bom se não fosse o talento inegável de seus protagonistas – um quarteto de fazer inveja ao de “O Homem que Copiava”, outro exemplar de sua filmografia. Fernanda Torres constrói a personagem mais racional do grupo, mas que não deixa de ser engraçada; pelo contrário, é uma atriz que possui um excelente timing cômico e é admirável a sua naturalidade em proferir as palavras antes decoradas numa lauda de roteiro, assim como na minissérie “Os Normais”, devido à competência de Torres, parece que tudo parte de improvisação. Wagner Moura se livra de personagens mais complexos e desafiadores que tem enfrentado em sua carreira para dar vida a Joaquim, rapaz humilde e naturalmente engraçado, vivido com desenvoltura pelo ator. E se Bruno Garcia não tem tanto espaço merecido no longa, Camila Pitanga rouba a cena com facilidade. Dona de um corpo escultural, a atriz desenvolve uma personagem hedonista, que graças à sua desenvoltura e talento cômico, torna-se um dos grandes destaques do filme.



Na categoria de coadjuvantes, há cenas suficientemente divertidas reservadas aos veteranos Paulo José e Tonico Pereira, como aquela em que o prefeito da cidadezinha faz uma visita apenas com o corriqueiro interesse de demonstrar sua mobilização social. Aliás, o roteiro de Furtado é leve e inteligente: apresenta problemas sociais existentes de balde no Brasil, mas isso não basta para acabar com o humor constante do filme.


Porém, o ponto mais irresistível do filme é demonstrar que o cinema é uma arte democrática. A frase de um dos personagens do filme é uma clara referência a isto “O cidadão para ser artista e expressar a sua arte não precisa ir para Porto Alegre”, sendo a capital gaúcha um dos principais pólos culturais do país, mas o indivíduo não precisa se deslocar para lá, faz cinema quem quer. É um processo complicado, repleto de implicações e limites, mas aqui é cabível evocar o slogan do cinema novo “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. Assim fizeram os personagens do filme, e ainda para solucionar um problema social. O dinheiro por eles gastos nas filmagens (despesas com edição, cenas refilmadas...) seria suficiente para a construção de uma canalização, mas o Cinema é envolvente e cativante a ponto de eles não desistirem e seguirem em frente com o projeto.


E isso é, no mínimo, uma atitude louvável: beneficiar a si mesmo e aos demais a partir da arte. Bem que o governo poderia usar o exemplo do filme e lançar algum projeto similar a este ou qualquer outra maneira a despertar o valor artístico de cada indivíduo a fim de melhorar sua situação e/ou dos demais. No último caso, Jorge Furtado tem meu voto garantido.


NOTA: 8,0

7 comentários:

Kaio disse...

não vi ainda,mas a idéia do filme parece bem interessante e principalmente pelo elenco.

Anônimo disse...

Aê Friendo, Parabéns pela Estréia, e como sempre com a competência habitual \0/

Então, ainda não vi o filme, porém lembro que certa vez estava eu entrando na sessão de "O ano que meus Pais airam de férias" e encontrei uam amiga que estav empolgada com o dia do cienma brasileiro,e sessões 2 reais, que tava indo para minha sessão támbém, e que tinha acabado de assitir ao filme. Elas teceues elogios e mais elogios, disse que era engraçadissimo e tinha uma mensgaem socila ótima, Sei lá, mas ele não lá aquela smais indicadas para confiar sabe..rsrs. Porém dess avez senti que elea estavs endo coesa no seu comentário, nada banal.
E agora você aprovou ( ai sim opinião 100% segura..rsr), vou ver se logco ele.
Gosto do Homem que copiava.

Ahhh e tem a Torres. Puts!

Parabéns mais uma vez!

Aquela expressão que você citou do filme: "Não precisa ir a Porto alegre para fazer um bom cinema"

Lembrei do nosso papo da relação Caravelas/Euroupeus...hahahahah

Anônimo disse...

"Você é um monstro, um monstro." "AHHH!! EU SOU UM MONSTRO"... Essas e outras frases viraram bordão no meu grupo de amizade, rs... Sensacional...

Ewerton lol Rodrigues disse...

tambem não vi ainda, mas vou procurar ver logo...
adoro o homem que copiava, morro de rir mesmo.

Elton Telles disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elton Telles disse...

blablabla

Elton Telles disse...
Este comentário foi removido pelo autor.